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A situação dos Colts está azedando mais rápido que o esperado

Quando você acompanha a NFL há algum tempo se torna fácil identificar sinais de quando um time está saindo dos trilhos. Raramente são declarações diretas, sempre pelas entrelinhas.

Quando você acompanha a NFL há algum tempo se torna fácil identificar sinais de quando um time está saindo dos trilhos. Raramente são declarações diretas e sim pelas entrelinhas.

O Indianapolis Colts é o exemplo da vez.

Não que a franquia estivesse exatamente no trilho. Havia um plano, que foi selecionar Anthony Richardson no ano passado e ver se ele seria o franchise quarterback. Não estava dando certo, mas ainda era um plano. Agora, não existe rumo com a ida de Richardson para o banco.

Teve toda a história do QB pedir para deixar a partida por uma jogada para “descansar”, algo que nunca vimos de um jogador da posição na NFL. E aí Michael Pittman, wide receiver do time, diz abertamente agora que descobriu sobre a decisão de Richardson ir para o banco através das redes sociais.

Onde há fumaça de disfuncionalidade, existe fogo.

Toda decisão que um time da NFL toma deveria ser pensando em como vencer o Super Bowl. Os Colts serão campeões com Joe Flacco? Não, então qual o ponto de tê-lo como titular?

Com Flacco como QB1, a equipe será mais competitiva. Só que o objetivo na NFL não é vencer nove jogos, tentar entrar no wildcard e ser atropelado por Chiefs/Bills/Ravens. Qualquer melhora a curto prazo com essa decisão não compensa o retrocesso à longo prazo.

O caminho ideal para o Indianapolis Colts aqui era insistir em Anthony Richardson. Dê todas as chances para ele em 2024. Se evoluir e começar a dar sinais positivos, ótimo. Se continuar jogando mal, ótimo também porque aumenta suas chances de selecionar mais alto no Draft.

Essa decisão soa como a de um comando de franquia que já está em modo “vamos salvar nossos empregos”. Isso significa tomar decisões que melhorem o desempenho a curto prazo, mas que não ajudam no objetivo real (vencer o Super Bowl).

Chris Ballard, o general manager, está nessa vibe desde 2019 quando Andrew Luck se aposentou dias antes da temporada começar. Shane Steichen, o treinador dos Colts, também segue a linha. Ele teve votos para treinador do ano em 2023 depois uma temporada muito promissora, 2024 não vem sendo bom mas não o suficiente para entrar nesse modo autopreservação.

O problema é que quase todo head coach na NFL, mesmo os melhores, raramente pensam no que é melhor para o time além do jogo no próximo domingo. E quando o GM também segue a mesma linha por medo de perder o emprego, é assim que o quarterback de 39 anos toma a titularidade no lugar do de 22 que você selecionou com a 4ª geral no último Draft.

Não é a mesma situação do Bryce Young. Nos Panthers, Young chegou a um ponto de incapacidade de operar um ataque de NFL que não era mais sustentável, quanto na teoria ele era o cara “pronto para jogar”. Anthony Richardson é um projeto, um cara com 12 partidas no futebol americano universitário e com todas as ferramentas físicas do mundo.

Enquanto isso no topo da franquia, instabilidade. Jim Irsay é mais um na longa história de filhos que herdam o time do pai e vão muito mal. O grande “mérito” dele foi ter Peyton Manning ao longo dos anos 2000. Agora ele lida com problemas de saúde e a sensação é de haver um vácuo na liderança, que não parece ser preenchido por Kalen Jackson, filha de Irsay e que é vice-presidente dos Colts.

No fim das contas, são os donos que precisam ter a visão de longo prazo na franquia. Eles precisam olhar e dizer “não, Joe Flacco como titular não nos ajuda a vencer o Super Bowl, mantenha Anthony Richardson como titular”. E não parece existir essa presença lá em Indianapolis. Enquanto isso, a franquia comprou mais um ano no limbo.

 

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Gabriel Martins

Jornalista especializado em NFL e NBA. Podcast Cara dos Sports, disponível no Spotify, YouTube e principais apps

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